Tem brainstorming que não funciona

S e você já participou de uma reunião no trabalho que envolveu brainstorming, deve se identificar com o seguinte cenário: o chefe ou coordenador do projeto propõe que todos deem ideias para criar algo novo. “Vamos só jogar ideias livremente, sem filtro.” As intenções são as melhores, só que o processo frequentemente trava. Dificilmente as melhores ideias de uma “tempestade cerebral” surgem logo no começo, mas mesmo sabendo que precisam de um tempo para destravar, muitas pessoas têm vergonha de expor ideias que podem ser consideradas bobas, inúteis ou simplesmente “nada a ver” pelos seus colegas e pior: pelo chefe.

O fim dessa história é que alguns ficam mudos, outros falam demais na intenção de se destacar mais do que de colaborar, e outros ainda se sentem tão pressionados que se limitam a falar poucas ideias e a se calar em seguida. Para se somar a isso, pessoas que nutrem antipatia mútua tendem a se prender ao julgamento do outro sem separar indivíduo e ideia, ou a não querer somar à ideia de alguém com quem não se dá bem. Resultado? Dificilmente o grupo sai da reunião com uma ideia genial. E as pessoas ainda se passam por pouco criativas!

Uma das etapas do método design thinking de resolução de problemas é o “ideate”, ou geração de ideias, que se baseia no princípio que da quantidade nasce a qualidade. Ou seja: é mais provável que a melhor solução surja depois de 50 ideias jogadas totalmente ao acaso do que depois de 5 auto-censuras (aquilo que você não tem coragem de falar) e 3 sugestões “mais ou menos” que você chega a colocar na roda. Ao contrário do que muitos acreditam, a criatividade é muito mais desenvolvida a partir de exercícios do que um dom especial que poucas pessoas têm. Em geral nosso cérebro precisa se aquecer antes de ter uma ótima ideia. Por isso o design thinking nos ensina o treinamento de jogar fora o filtro e falar livremente ideias que podem ou não ser factíveis (vale até disco voador e teletransporte!). A partir disso, nossa mente é capaz de fazer novas conexões, além de se inspirar e aperfeiçoar ideias colocadas na roda por outros.

A criatividade é muito mais desenvolvida a partir de exercícios do que um dom especial que poucas pessoas têm

Mas isso resolve o problema inicial da vergonha e pressão no ambiente de trabalho para ter uma ideia genial? Não. Para isso, gostaria de dividir com vocês uma dica que testei em algumas reuniões e que tiveram resultados incomparavelmente melhores: o brainstorming escrito e anônimo. Essa solução é simples e muito efetiva. As pessoas escrevem suas ideias em pequenos papéis, que são colocados no centro da mesa dobrados e sem identificação. Depois de uma primeira rodada, que deve ser controlada por tempo (eu diria meia hora, para dar tempo de destravar), quem está coordenando a dinâmica lê os papeis do centro da mesa, dando a oportunidade que, em uma segunda rodada, os colegas se inspirem nas ideias dos outros sem atrelá-las ao julgamento de autor.

E você, conhece outros métodos de brainstorming? Qual funciona melhor para você?
Já testou o brainstorming escrito? Conte para a gente sua experiência!

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