Certa vez, um professor meu falava da dificuldade que teve ao publicar um de seus livros, pois a diagramação inseriu todas as notas de rodapé no final, e não ao longo da obra. E, nesse caso específico, as notas só faziam sentido no decorrer do livro. Enfim, o professor se queixou da resistência dos diagramadores, que explicaram não haver tempo hábil para refazer o trabalho. “Não sei do que eles estavam reclamando. É um trabalho muito fácil, só apertar um botão.” Foi aí que entendi que ele não tinha nenhuma noção do que era o processo de diagramação de uma publicação.
O fato é que não somos obrigados a entender como funcionam todas as profissões – ainda mais quando se tornam mais e mais específicas. Mas também não é sensato concluir de cara que o trabalho de uma pessoa é apertar alguns botões e pronto, a mágica está feita. Afinal, sejamos lógicos: se fosse essa a tarefa, um computador já teria substituído o profissional.
Considerar o outro um apertador de botões não valoriza o trabalho alheio porque não compreende seu processo – e não tem obrigação de entender. Por isso é um problema de comunicação. É importante, nesse sentido, que quem faz o trabalho explique a quem o contrata quais são as etapas do seu processo. No caso do meu professor, por exemplo, seria interessante que os diagramadores dissessem desde o princípio que tipo de alteração gera retrabalho, e que informações e materiais devem ser fornecidos no início do projeto para evitar essas dores de cabeça. Senão o trabalho todo se torna uma fonte de frustração para os dois lados.
Portanto, se você não quer ser desvalorizado como um simples apertador de botão por seus clientes, deixe claro desde o início o seu processo de trabalho e tudo o que precisa em cada etapa para produzi-lo. Não deixe de se comunicar. O que exige retrabalho? O que é um trabalho mais complexo, que precisa de mais tempo ou de um especialista? E o que é simples? Assim, seu cliente pode se organizar de acordo com o processo e tem a chance de entender que está te contratando pela sua experiência e conhecimento no assunto, e não porque você tem um botão mágico que faz milagres em um segundo.